quarta-feira, 13 de abril de 2016

Mulheres na vida de Orwell

Ida Blair, mãe de Orwell
Avril Blair na ilha de Jura
Jachinta Buddicon. Um amor de adolescência de Orwell. Após aseparação tumultuada ficaram muito tempo sem se falar, apenas voltando em 1940. Ela escreveu um livro falando sobre a relação dos dois "Eric and Us"

Eileen O'Shaughnessy, primeira esposa de Orwell.  Os dois adotaram um bebê de 3 semanas chamado Richard. Ela morreu prematuramente por complicações de uma cirurgia.








Sonia Brownell.  Trabalhava como secretária de Cyril Connoly, amigo de Orwell. Se tornaram amantes e se casaram aproximadamente 3 meses antes da morte dele. É dito que era uma groupie literária A personagem Júlia de 1984 foi inspirada nela















quinta-feira, 7 de abril de 2016

Ensaios

LIVROS DE ENSAIOS



Dentro da baleia e outros ensaios


Na primeira parte, Orwell escreve sobre a carreira de escritor e lembra o período em que trabalhou como vendedor num sebo de livros. Ele também discute a arte da resenha e cria a categoria dos "bons livros ruins", aqueles que seguimos lendo com empolgação mesmo cientes dos defeitos. Na segunda parte, temos o Orwell memorialista e analista político. Textos como "Um enforcamento" e "O abate de um elefante" são clássicos do jornalismo literário. Em "Reflexões sobre Gandhi", Orwell causa controvérsia ao criticar a vaidade do pacifista mais famoso do século XX. Na terceira e última parte, literatura e política se misturam ainda mais, e ele examina autores como H.G. Wells, Tolstoi, Swift e Mark Twain à luz de suas opções políticas.


Como morrem os pobres e outros ensaios 

  Na primeira seção do livro, por exemplo, estão os relatos e reflexões de Orwell sobre sua vivência pessoal como sem-teto, colhedor boia-fria de lúpulo, presidiário e paciente de um hospital público. Em outra parte enfeixam-se seus vigorosos artigos sobre o uso da linguagem verbal no romance, na poesia, na propaganda política e no jornalismo.
  A gama de interesses do escritor é inesgotável. Com a mesma verve e conhecimento de causa, ele fala sobre temas graves, como a hipocrisia intelectual, ao lado de assuntos mais leves e aparentemente até fúteis, como os trajes da elite britânica e o gosto do cidadão inglês por crimes sensacionalistas.
  De todos os tópicos, sejam grandes ou pequenos, Orwell extrai revelações sobre a estrutura da sociedade, as mudanças nos costumes, as transformações profundas operadas na Inglaterra e no mundo na primeira metade do século XX.




 Literatura e política: Jornalismo em tempos de guerra 

 

Literatura e política: jornalismo em tempos de guerra é uma coletânea de textos escritos para o jornal britânico Observer, entre 1942 e 1948, em meio às ruínas da Segunda Guerra Mundial. São artigos que tratam de diversos temas, tais como: a resistência francesa, a situação na Alemanha, o antissemitismo na Europa, a guerra civil na Espanha. Resenhas que analisam as obras de Julian Huxley, Joseph Conrad, Honoré de Balzac, Fiódor Dostoievski,T.S Eliot, entre outros.



Uma vida em cartas

 

Uma vida em cartas permite acompanhar essa singular trajetória por meio da voz inconfundível do próprio Orwell. Entre amigos, editores, parentes e simples leitores desconhecidos, o escritor britânico correspondeu-se generosamente com as pessoas que exerceram influência sobre sua vida e produção literária. Selecionada entre as várias centenas de suas cartas conhecidas, esta coletânea contextualiza os principais movimentos do autor em meio a seu ambiente político, familiar e profissional.

Com amplo aparato crítico, o livro fornece ainda valiosos subsídios para a compreensão de fatos biográficos — como sua participação na Guerra Civil Espanhola entre as fileiras de uma milícia comunista, os padecimentos decorrentes da tuberculose e a militância antipacifista durante a Segunda Guerra Mundial — e, por outro lado, da gênese dos romances e ensaios mais importantes.

Biografia

 

O nome de batismo era Eric Arthur Blair e ele nasceu em Motihari, Bengala, em 25 de Junho de 1903. Seu pai, Richard Walmsley, nascera em 1857 em Milborne St. Andrew, Dorset, onde o seu pai era vigário. O pai de Orwell trabalhava no Departamento de Ópio do Serviço Civil Indiano. Sua mãe, Ida Mabel Limouzin nasceu em 1875, em Penge, Surrey, mas sua família tinha uma longa ligação com a Birmânia.

 
Ida Blair e o pequeno Eric.
 
Os pais de Orwell se casaram numa igreja chamada São João do Deserto em 15 de junho de 1897. A primeira filha deles, Marjorie, irmã mais velha de Orwell, nasceu em Gaya, Bengala, em  21 de abril de 1898. Ida Blair voltou com seus dois filhos para viver na inglaterra em Henley-on-Thames, em 1904. Em 1907, Richard passou 3 meses de licença em Henley. Dia 6 de abril de 1908 nasceu a irmã mais nova de Orwell, Avril. 
 
Entre 1908 e 1911, Orwell frequentou um internato católico dirigido por freiras. 
Depois foi para o internato de St. Cyprian's, uma escola preparatória particular em Eastbourne. Seu ensaio Tamanhas eram as alegrias baseia-se nas experiências nessa escola, mas ela o ensinou bem o suficiente para entrar em Eton como bolsista do rei em 1917.
 
 
   
 
Uma carta que só muito recentemente veio à luz faz um relato de sua vida a partir de então do ponto de vista de Orwell. Ele fora convidado por Richard Usbourne , editor da The Strand, um periódico literário mensal, para colaborar com a revista contando um pouco de sua vida. Como o último parágrafo indica, Orwell estava muito ocupado para colaborar - estava escrevendo 1984 -, mas, apesar disso, deu-se ao trabalho de responder Usbourne. A carta foi escrita em  Barnhill, ilha de Jura, em 26 de agosto de 1947.
 
 
 
 Caro, sr Usborne
 
  Muito obrigado por sua carta do dia 22. Vou responder às suas perguntas da melhor maneira possível. Nasci em 1903 e estudei em Eton, onde tive uma bolsa de estudos. Meu pai era um funcionário público na Índia e minha mãe também vinha de uma família anglo-indiana, com vínculos especialmente com a Birmânia. Depois de sair da escola, servi cinco anos na Polícia Imperial da Birmânia, mas como o trabalho era totalmente inadequado para mim, pedi demissão quando vim de licença para casa, em 1927. Eu queria ser escritor e passei a maior parte dos dois anos seguintes em Paris, vivendo de minhas economias e escrevendo romances que ninguém quis publicar e que posteriormente destruí. Quando meu dinheiro acabou, trabalhei por um tempo como lavador de pratos, depois voltei para Inglaterra e tive uma série de empregos mal remunerados geralmente como professor, com intervalos de desemprego e pobreza extrema. (Era o período da depressão econômica.)
Quase todos os incidentes descritos em Na pior realmente aconteceram, mas em momentos diferentes, e eu os entreteci de modo a construir uma história contínua. Trabalhei de fato numa livraria por cerca de um ano em 1934-35, mas só incluí isso em A flor da Inglaterra para compor um pano de fundo. O livro não é, creio eu, autobiográfico, e eu nunca trabalhei em uma agência de publicidade. Em geral, meus livros são menos autobiográficos do que as pessoas supõem. Há pedaços de autobiografia  em O caminho para Wigan Pier e, é claro em Homenagem a Catalunha, que é pura reportagem. Por falar nisso, A flor da Inglaterra é um dos vários livros que não dou importância e que suprimi.
   Quanto à política, interessei-me pelo assunto apenas de modo intermitente até por volta de 1935, mas posso dizer que sempre fui mais ou menos de "esquerda". Em O caminho para Wigan Pier,
tentei pela primeira vez discutir minhas ideias. Eu achava, e ainda acho, que há deficiências enormes em toda concepção do socialismo, e ainda me perguntava se haveria outra saída. Depois de dar uma boa olhada na pior face do industrialismo britânico, ou seja, nas áreas de mineração, cheguei à conclusão de que é um dever trabalhar pelo socialismo, mesmo que não seja emocionalmente atraído por ele, pois a continuidade da sistema atual é simplesmente intolerável, e nenhuma solução exceto algum tipo de coletivismo, é viável, porque é isso que a massa do povo quer. Mais ou menos na mesma época, fui contaminado por um horror ao totalitarismo, que na verdade eu já tinha sob a forma de hostilidade contra a Igreja Católica. Lutei por seis meses (1936-7) na Espanha, ao lado do governo, e tive a infelicidade de me envolver na luta interna do lado do governo, o que me deixou com a convicção de que não há muito que escolher entre comunismo e fascismo, embora por várias razões eu escolhesse o comunismo, se não houvesse outra opção em aberto. Estive vagamente associado aos trotskistas e anarquistas, e mais estreitamente com a ala esquerda do Partido Trabalhista. Fui editor literário do Tribune, então o jornal de Bevan, durante cerca de um ano e meio (1943-5), e escrevi para ele por um período maior do que isso. Mas nunca pertenci a um partido político, e acredito que até mesmo politicamente sou mais valioso se registrar o que acredito ser verdade e me recusar a seguir uma linha partidária.
   No início do ano passado, decidi tirar umas férias, pois havia dois anos vinha escrevendo quatro artigos por semana. Passei seis meses na ilha de Jura, durante os quais não fiz nada, depois voltei para Londres e trabalhei em jornalismo como de costume durante o inverno. Depois voltei para Jura e comecei um romance que espero terminar na primavera de 1948. Estou tentando não fazer mais nada enquanto trabalho nele. Muito de vez em quando, escrevo resenhas de livros a New Yorker. Espero passar o inverno em Jura este ano, em parte porque nunca consigo manter a continuidade do trabalho em Londres, em parte porque acho que será um pouco mais fácil me manter aquecido aqui. O clima não é frio, e alimentos e combustíveis são mais fáceis de obter. Tenho uma casa muito confortável aqui, embora seja um lugar afastado. Minha irmã [Avril] cuida da casa para mim. Sou viúvo, com um filho de pouco mais de 3 anos.
  Espero que estas notas ajudem. Infelizmente não posso escrever nada para a Strand no momento, porque, como já disse, estou tentando não me envolver com trabalho externo. O correio passa somente duas vezes por semana aqui e esta carta não sairá antes do dia 30, por isso vou enviá-la a Sussex.  
  Atenciosamente
  George Orwell  
 
Foto colorida artificialmente.
 
 
Referência: vida em cartas, Uma  - George Orwell

Obras - Fatos reais

BASEADAS EM FATOS REAIS


 Na pior em Paris e Londres (1933) - Nota 4,3 Skoob


   No final do anos 20, decidido a tornar-se escritor, o jovem Eric Arthur Blair resolveu viver uma experiência pioneira e radical: submeter-se à pobreza extrema - e depois narrá-la. Em 1928, instalou-se em Paris com algumas economias e começou a dar aulas de inglês - mas em pouco tempo perdeu os alunos e foi roubado. Sem dinheiro, passou fome, penhorou as próprias roupas, trabalhou em restaurantes sórdidos e por fim partiu para a Inglaterra. Enquanto esperava por um emprego incerto, radicalizou ainda mais sua experiência convivendo intensamente com os mendigos de Londres, perambulando de albergue em albergue, atrás de dormida, comida e tabaco.
   É essa vivência miserável que Orwell relata com humor e indignação, distanciamento e participação. Recusado por várias editoras inglesas, o livro só foi publicado em 1933, trazendo, pela primeira vez, o pseudônimo que consagraria um dos maiores escritores do século XX. Com posfácio de Sérgio Augusto.
 
O Cami­nho para Wigan Pier (1937) - Nota 4,2 Skoob



"No sistema capitalista, para que a Inglaterra possa viver em relativo conforto, 100 milhões de indianos têm que viver à beira da inanição - um estado de coisas perverso, mas você consente com tudo isso cada vez que entra num táxi ou come morangos com creme."
 
  É dessa forma, unindo a pegada do inconformista com a mordacidade do literato, que George Orwell pinta as relações entre a metrópole imperial britânica e suas colônias na Ásia, na segunda parte de O caminho para Wigan Pier, publicado originalmente em 1937. É na primeira parte, porém, que ele dá conta, com seu costumeiro estilo límpido ("de vidraça", como ele dizia), direto e vigoroso, de sua visita às áreas de mineração de carvão em Lancashire e Yorkshire, no norte da ilha britânica. A pobreza e o sofrimento atroz dos mineiros são retratados ali com um grafismo brutal, desde as condições esquálidas de moradia ao medo das frequentes ondas de desemprego que assolavam a região, colocando em risco extremo a sobrevivência física dos trabalhadores e de suas famílias.
  Neste livro, vemos o futuro e celebrado autor de clássicos universais já em plena florescência de seu projeto literário e existencial, que o levou a abandonar os privilégios de sua classe, a execrar qualquer forma de imperialismo e a mergulhar de corpo e alma na vida dos trabalhadores pobres e dos excluídos sociais.



Lutando na Espanha (1938) - Nota 4,3

 


"Eu tinha chegado mais ou menos por acaso na única comunidade na Europa Ocidental em que a consciência política e a descrença no capitalismo eram mais normais que seus opostos... Em teoria havia perfeita igualdade, e mesmo a prática não estava distante disso. A divisão normal de classe da sociedade tinha desaparecido ao ponto em que é impensável para a atmosfera mesquinha da Inglaterra... Estávamos em uma comunidade onde a esperança era mais natural do que a apatia ou o cinismo, onde a palavra ‘camarada’ significava camaradagem e não, como em muitos países, uma forma de chamar a atenção de alguém. Respirávamos o ar da igualdade... Aquilo que atrai os homens comuns para o socialismo e os faz querer arriscar suas vidas por ele, a ‘mística’ do socialismo, é a ideia de igualdade; para a vasta maioria dos povos, ou socialismo significa uma sociedade sem classes ou ele não significa nada."

 
  George Orwell escreveu Lutando na Espanha baseando-se em experiências pessoais na guerra civil que foi o prelúdio da batalha final contra o fascismo na década de 1940. O livro só pode ser considerado ficção do ponto de vista técnico. No mais, relata fatos. Orwell alistou-se como voluntário nas tropas republicanas e foi ferido no pescoço.  Orwell se definiu como membro da pequena média burguesia. Em outras palavras, sua família deu-lhe uma educação, injetou-lhe preconceitos de classe que não correspondiam a seus meios reais de subsistência. Estudou em Eton, que é a escola da elite da Grã-Bretanha. Serviu na Polícia Real na Birmânia. Foi lá que descobriu a mentira e a espoliação em que se assentava o império britânico. Tornou-se socialista. Quando estourou a revolta fascista de Franco, ele seguiu para a Espanha a fim de defender com armas a causa republicana.
  Em Lutando na Espanha, Orwell vê a guerra do ponto de vista individual, as misérias, frustrações e horrores experimentados pelo soldado comum, não importa a nobreza da causa que esteja defendendo. Ele humaniza a guerra a fim de revelar-lhe a desumanidade. É um livro simples, modesto e direto, mas só em aparência. Não contém abstrações ideológicas sobre a condição humana. Fica no terra-a-terra de uma experiência individual diante do perigo concreto da morte, que não toma partido ideológico. Tanto melhor. Quando a guerra civil for apenas uma nota ao pé de página na História, a evocação de Orwell será reconhecida pelos nossos pósteros como a memória viva daqueles que pereceram lutando pela justiça e pela liberdade, transcendendo o meramente político e o meramente propagandístico.

Obras - Romances

ROMANCES


Dias na Birmânia (1934) - Nota 3,9 no site Skoob

 
  John Flory não esconde sua impaciência para com a vida de madeireiro na Birmânia (atual Mianmar) dos anos 1920, quando o remoto país asiático era uma colônia britânica.No clube de brancos racistas e bêbados que freqüenta, Flory é considerado um bolchevique por ser amigo dos “negros”, isto é, os nativos do lugar. “Expressar-se livremente é impensável”, diz Flory, sobre a miserável existência na colônia.“Você é livre para virar um bêbado,ocioso, covarde, maledicente, fornicador; mas não é livre para pensar por si mesmo.” Apesar de não esconder sua estreita amizade com o médico local,um indiano honesto e dedicado, Flory demonstra relutância em defendê-lo abertamente, junto aos membros do clube europeu, contra as calúnias de U Po Kyin, magistrado nativo corrupto e ambicioso. 
  A chegada de Elizabeth, uma jovem inglesa casadoira, faz o calejado administrador enxergar sua única chance de construir uma vida digna e feliz. Mas o angustiado Flory, um dos mais complexos e apaixonantes personagens modelados pelo gênio de George Orwell, parece não ter o poder de mudar o rumo dos acontecimentos.




A Filha do Reverendo (1935) Nota 4,0 Skoob

  A Filha do Reverendo conta a história de Dorothy Hare, a filha de um Pastor, cuja vida é virada de cabeça para baixo quando ela sofre um ataque de amnésia. É o romance mais experimental de Orwell, com um capítulo inteiramente escrito em forma dramática, no entanto não ficou satisfeito com o resultado e deixou instruções para que após a sua morte o romance não voltasse a ser reimpresso. 



A flor da Inglaterra (1936) - Nota 4,2 Skoob

 

Mesmo não tendo dinheiro, eles viviam mentalmente no mundo do dinheiro - o mundo em que dinheiro é virtude e pobreza é crime.

  Londres, 1934. Gordon Comstock declara guerra ao "deus-dinheiro". Chegando aos trinta anos, maltratado pela pobreza e com aspirações poéticas muito mais altas que a sua capacidade de realizá-las, ele desiste de um "bom emprego" em uma agência de publicidade para se tornar um modesto vendedor de uma pequena livraria. Sempre na míngua de dinheiro, mas orgulhoso demais para aceitar empréstimos de um amigo rico, Gordon inicia um declínio rápido e aparentemente sem volta ao inferno da pobreza extrema e da solidão que ela acarreta. Nos quartos de pensão esquálidos que habita, bem como por toda parte do mundinho medíocre da classe média baixa, Gordon topa a todo instante com uma planta doméstica que ele elege símbolo dessa ordem injusta, vazia e massacrante: a aspidistra.




Um Pouco de Ar, Por Favor!  (1939) - Nota 3,9 Skoob


  A 1ª Guerra Mundial, 18 anos como vendedor de seguros de vida e o casamento com a melancólica Hilda, haviam deixado apenas um sabor de morte na vida de George Bowling... Tais circunstâncias aliadas ao medo de uma nova guerra, levaram a sua mente a recuar e a refugiar-se na paz de sua infância, vivida em uma pequena cidade do interior. Porém, a viagem de volta levou-o a desiludir-se por completo, pois mais uma vez chapinhou no lodaçal da rotina, da frustação e da abaladora confusão, tendo agora - por acréscimo - a sombra ameaçadora de 1984 agigantando-se à distancia. 



A revolução dos Bichos ( 1945) - Nota 4,4 Skoob 


Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros. 

  Verdadeiro clássico moderno, concebido por um dos mais influentes escritores do século 20, "A Revolução dos Bichos" é uma fábula sobre o poder. Narra a insurreição dos animais de uma granja contra seus donos. Progressivamente, porém, a revolução degenera numa tirania ainda mais opressiva que a dos humanos
  Escrita em plena Segunda Guerra Mundial e publicada em 1945 depois de ter sido rejeitada por várias editoras, essa pequena narrativa causou desconforto ao satirizar ferozmente a ditadura stalinista numa época em que os soviéticos ainda eram aliados do Ocidente na luta contra o eixo nazifascista.
Com o acirramento da Guerra Fria, as mesmas razões que causaram constrangimento na época de sua publicação levaram A Revolução Dos Bichos a ser amplamente usada pelo Ocidente nas décadas seguintes como arma ideológica contra o comunismo. O próprio Orwell, adepto do socialismo e inimigo de qualquer forma de manipulação política, sentiu-se incomodado com a utilização de sua fábula como panfleto. 



1984 (1949) - Nota 4,6 Skoob


 
Guerra é paz
Liberdade é escravidão
Ignorância é força


  Winston, herói de 1984, último romance de George Orwell, vive aprisionado na engrenagem totalitária de uma sociedade completamente dominada pelo Estado, onde tudo é feito coletivamente, mas cada qual vive sozinho. Ninguém escapa à vigilância do Grande Irmão, a mais famosa personificação literária de um poder cínico e cruel ao infinito, além de vazio de sentido histórico. De fato, a ideologia do Partido dominante em Oceânia não visa nada de coisa alguma para ninguém, no presente ou no futuro. O'Brien, hierarca do Partido, é quem explica a Winston que "só nos interessa o poder em si. Nem riqueza, nem luxo, nem vida longa, nem felicidade: só o poder pelo poder, poder puro".
   Quando foi publicada em 1949, poucos meses antes da morte do autor, essa assustadora distopia datada de forma arbitrária num futuro perigosamente próximo logo experimentaria um imenso sucesso de público. Seus principais ingredientes - um homem sozinho desafiando uma tremenda ditadura; sexo furtivo e libertador; horrores letais - atraíram leitores de todas as idades, à esquerda e à direita do espectro político, com maior ou menor grau de instrução. À parte isso, a escrita translúcida de George Orwell, os personagens fortes, traçados a carvão por um vigoroso desenhista de personalidades, a trama seca e crua e o tom de sátira sombria garantiram a entrada precoce de 1984 no restrito panteão dos grandes clássicos modernos.